POLÍCIA NÃO É "BICHO PAPÃO"...
- coronelnikoluk
- 21 de nov. de 2018
- 5 min de leitura
Uma breve pesquisa na Internet revela, nos últimos anos, diversos artigos ou notícias correlacionando as polícias, e, em especial, as Polícias Militares, com períodos ou episódios de ditaduras, dentro de posts ou contextos do tipo "ditadura nunca mais”, o que tem demonstrado traços incontestes de desinformação ou, no mínimo, de puro preconceito.
Alguns desses tipos de posts ou artigos chegam a afirmar, dentre outras coisas, que a Polícia Militar seria seria uma das Instituições "mais violentas do mundo", "herdeira do período ditatorial", e que a tortura seria usada indiscriminadamente pelas polícias brasileiras como uma atividade “natural” e um legado da impunidade e ausência de memória...
A Polícia Militar de São Paulo é, provavelmente, a Instituição (ou uma das Instituições) que mais fiscaliza, depura e pune seu público interno. Uma Instituição sujeita a regulamentos e códigos rígidos de conduta, que atua sempre orientada pela transparência de suas ações e com uma Corregedoria implacável contra agressores de policiais e contra policiais que violam seu sagrado juramento e servir e proteger a sociedade. É uma polícia que já exonerou centenas de suas fileiras, exonerando por esforço e mérito da própria Instituição, em média mais de 100 policiais todos os anos, por motivos de grave violação dos valores ou crimes cometidos.
A Polícia Militar é a única Instituição que trabalha 24 horas em todos os 645 municípios do Estado de São Paulo, em mais de 187 anos de serviços prestados aos paulistas e ao Brasil, superando nos últimos anos, uma média / ano de mais de 30 milhões de atendimentos policiais; atendendo mais de 50 milhões de chamados de emergência (190) e mais de 2 milhões de atendimentos sociais, ou seja, ocorrências NÃO policiais (como auxílios ao público, partos e condução a Hospitais / Pronto socorros e abrigos, etc.); prendendo mais de 100 mil pessoas em flagrante delito, apreendendo mais de 40 mil adolescentes na prática de atos infracionais; recuperando mais de 80 mil veículos, apreendendo mais de 12.000 armas de fogo e retirando quase 80 mil quilos de entorpecentes do seio da sociedade.
A maior parte das ocorrências são não policiais, ou seja, tem caráter de atendimento eminentemente social e, em outros países, são atendidos por órgãos sociais vocacionados para essa finalidade, liberando a polícia desse tipo de missão. Aqui, porém, são atendidas pelos Policiais Militares com espírito fraterno, comunitário, para não deixar a população desamparada nas emergências, mesmo sacrificando inúmeras horas de sua folga, lazer e convivência familiar em prol da comunidade, porque via de regra, a Polícia Militar é, naquele momento de grande aflição, a única Instituição presente e atuante para todos (independente de raça, cor, sexo, credo, crença ou ideologia) e não importando se é dia de feriado, final de semana, madrugada, chovendo, fazendo calor ou frio, a Polícia Militar pode até demorar um pouco, mas sempre estará atenta e pronta para atender qualquer emergência, em qualquer lugar, seja onde for e para quem quer que for.
Vale esclarecer que, desde 1997, a Polícia Militar de São Paulo se estrutura a partir de conceitos de Polícia Comunitária, com compromisso inabalável em defesa da vida, da integridade física e da dignidade da pessoa humana. O Método “Giraldi” de Tiro Defensivo para a Preservação da Vida, adotado há anos pela Polícia Militar de São Paulo, foi criado por um Oficial da PM paulista e é recomendado pela Cruz Vermelha Internacional como método de treinamento das polícias. O Programa Estadual de Resistência às Drogas (PROERD) paulista já formou milhões de crianças em mais de 20 anos de atividade, ensinando-lhes caminhos seguros de prevenção contra esse mal que assombra nossa sociedade - as drogas, o vicio e a violência.
A Polícia Militar é uma Instituição que, na prática, demonstra respeitar profundamente as mais diferentes opiniões e pontos de vista, desde que pautadas em espírito de urbanidade e fundadas em argumentos técnicos. Mas também sobre argumentos técnicos e o mais absoluto respeito ao direito de informação, não se pode deixar de defender e registrar o trabalho, a história e a dignidade de cerca de 100 mil homens e mulheres que diuturna e incansavelmente, pulam muros, se embrenham por becos, por rios infestados e, na defesa da vida de outrem, ou até de um patrimônio que jamais terão, muitas vezes perdendo a vida ou se ferindo gravemente pela ação de infratores. Estamos diante de uma das únicas Instituições que possui um juramento profissional de defender o outro, o desconhecido, a outra pessoa (não importa quem) mesmo "com o sacrifício da própria vida" e isso não é algo a se omitir ou declinar...
Policiais Militares não são “herdeiros da Ditadura” e sim, filhos de um passado de homens mulheres de fibra e honrados que, no Estado de São Paulo, desde 1831 suaram, sangraram e, muitas vezes, tombaram para cumprir o sagrado juramento de defender a sociedade, mesmo com o sacrifício da própria vida.
Sabemos que as polícias podem sim melhorar sempre, a Polícia Militar do Estado de São Paulo tem sua estrutura basilar fundada inclusive na gestão pela qualidade e busca, portanto, a melhoria continua na prestação de seus serviços. Há sim grande potencial de melhoria e constata-se sim um grande esforço para melhorar continuamente, para prestar um bom serviço, fazer o melhor que podem, com as condições e recursos que lhes são dotados, para SERVIR e PROTEGER.
Assim, apesar de todo preconceito latente em vários artigos e posts encontrados em pesquisas simples na Internet, particularmente não restam dúvidas de que, caso o autor ou qualquer pessoa, independente da sua cor, raça, orientação sexual, religião ou condição social, depare-se com uma emergência, poderá até rezar, orar ou pedir aos céus a assistência tão urgente e necessária, mas certamente não hesitará em discar 190, pois SEMPRE haverá um policial militar homem ou mulher que, prontamente, irá atendê-lo e, se necessário for, morrer para lhe servir e proteger.
E cada vez mais, assim, como as policias, muitas pessoas de bem buscam fazer sua parte, fazer o seu melhor possível, diferenciando-se e distanciando-se cada vez mais daqueles que simplesmente criticam, “remam contra” e nada fazer para somar forças e apresentar soluções ou sugestões efetivas para os problemas que afligem nossas comunidades.
O momento é de construção, mediação, coerência e sinergia de esforços, objetivos e acoes.
Para isso, é necessário desconstruir pre conceitos e olhar a verdade.
Verdade esta que, normalmente, "salta aos olhos"... basta abri-los para enxergar!
Eliane Nikoluk Scachetti, Coronel da Polícia Militar, mestre e doutora em Ciências Sociais de Segurança e Ordem Pública pelo Centro de Altos Estudos Superiores da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Artigo originalmente escrito em 2014 "a quatro mãos” com o então Tenente PM Fernando Edson Mendes, do 5º BPM/I , remodelado e atualizado hoje pela autora.
As vezes quando nos calamos diante das injustiças, o mal gerado por nos calarmos acaba ficando muito mais forte do que a própria dor da injustiça... por isso, não vamos calar!